Perfil


Didi e Serjão




Sou Sergio, carioca, analista de sistemas, católico, casado, pai, feliz, adoro viajar, cinema e televisão.



Sou Edwiges, carioca, professora, católica, casada, mãe, feliz, amante dos animais, de praia e de comida japonesa.





Jesus Misericordioso


No dia 22 de Fevereiro de 1931, Jesus diz à Santa Faustina: “ Pinta uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em vós. Desejo que essa imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois, no mundo inteiro. Prometo que a alma que venerar essa imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na Terra, a vitória sobre os inimigos e, especialmente na hora da morte. Eu mesmo a defenderei com Minha própria glória.” (Diário de Santa Faustina, nº 47 e 48)
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Eu creio, confio e divulgo a Misericórdia Divina!!!!


A Medalha Milagrosa


No dia 27 de novembro de 1830, às cinco e meia da tarde, em Paris França, Nossa Senhora aparece a Santa Catarina Labouré na capela do convento e lhe faz um pedido:

“Mande fazer uma medalha conforme este modelo. - Todas as pessoas que a trouxerem ao pescoço receberão grandes graças; as graças serão abundantes para os que a trouxerem com confiança.”

Ó Maria Concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!

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Leia e conheça como foi o nascimento da Maria Clara e logo após como aconteceu o nascimento do João Paulo!


RELATO DO NASCIMENTO DA MARIA CLARA



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Sergio e eu grávidos pela primeira vez.


No sábado dia 22 de Outubro de 2005, eu estava ótima, tranqüila e almoçando bem tarde com o Sergio, meu marido. O meu obstetra, o Dr.Mário havia previsto o nascimento da Clarinha para o domingo. Eu até tinha uma consulta com ele dia 24 e ele comentou comigo que eu poderia nem ir porque estaria ocupada dando de mamar.... Hehehehe, quando saí da sua sala, ele falou para mim: "Até domingo!" Que língua!!
No domingo e estávamos na expectativa do final de semana. Eu havia sentido cólicas durante toda a semana e já sabia que isso era sinal que alguma coisa estava acontecendo no colo do útero.
Passei uma gravidez ótima, tirando os incômodos do primeiro trimestre e o acidente de carro no 4º mês. Viajamos para Fortaleza no 6º mês e não tive problema algum, pelo contrário, subi em bugre, desci de bugre, subi em duna e desci de duna, também entrei no mar à noite, fantástico.
No sábado, eu estava tranquilamente escrevendo no livro de recordações da Maria Clara, sentada na cama e lá para as 14h30min fomos almoçar porque era sábado e não acordamos cedo no final de semana. Não havia sentido ainda nada de contração somente as tais cólicas, eu já sabia também na maioria dos casos, as contrações verdadeiras começam como dores na coluna lombar. Como estava praticamente na data do DPP (26/10), eu já havia lido e relido o capítulo do livro "O que esperar quando se está esperando" sobre o falso e verdadeiro trabalho de parto", sabia também que as contrações verdadeiras são ritmadas.
Bem, às 14h50min, olhei para o relógio da cozinha, havia sentido uma dorzinha nas costas... Ela durou alguns segundos e foi embora. Fiquei alerta, estava com 39 semanas, entraria na 40ª semana em alguns dias, a Maria Clara era um bebê a termo, ou seja, pronta para nascer a qualquer momento. As 15h, eu estava deitada na rede do meu quarto e o Sergio no computador quando senti mais uma vez a tal dorzinha nas costas, olhei para o relógio e falei para o Sergio:
"Anota aí, Sergio: 14h50minh e 15h".
"Jura?"
A partir desse momento, as contrações vieram de 10 em 10 minutos totalmente ritmadas, duravam cerca de 20 segundos e eram bem suportáveis. O Sergio anotava para mim, elas vieram 15h10min, 15h20min e por aí. Coloquei o relógio de parede da cozinha no quarto e fiquei monitorando os intervalos e o tempo de duração delas.
As 17h, as contrações já estavam de 8 em 8 minutos e durando cerca de 40 segundos, ainda não era forte. Telefonamos para a Geisi e para a Ingrid, minhas doulas. Logo depois telefonamos para o médico. Eu queria avisar que mesmo não sentindo dor forte, estavam muito ritmadas. O Dr. Mário pediu que esperasse mais um pouco e telefonasse para ele caso aumentasse a intensidade.
Era muito bom, sinceramente era até gostos sentir as contrações e saber que a Maria Clara estava bem perto de chegar. Também era divertido contar os minutos e ver como a contração era tão certinha, ela vinha exatamente no tempo certo. Eu e Sergio descemos um pouco para eu caminhar, ficamos dando voltas no estacionamento porque eu não queria andar na rua. As 19h me telefonou o Dr. Mário, o que eu achei fofo da parte dele, ele queria saber de mim. Falei que as contrações ainda eram fracas, mas estavam com a duração maior e os intervalos menores e ele me pediu que eu fosse para a Perinatal ser examinada, conforme fosse, ficaria lá ou voltaria para casa.
Lá fomos nós, eu e Sergio tomar banho. O Sergio ria, uma mistura de nervoso e alegria, eu estava tranqüila. Minha sogra, Olga, também foi se arrumar para ir conosco, ela já estava na expectativa também já há muito tempo. As bolsas já estavam arrumadas, só faltava colocar as últimas coisinhas e eu coloquei coisas demais. Não achei meu relógio de pulso, precisava de um relógio de pulso com ponteiros, mas não achava e não achei até hoje... Aí enfiei a mão no relógio de parede da cozinha e coloquei na bolsa!!! Hehehe... Doidinha! Detalhe que nem olhei para ele na maternidade.
Saímos de casa umas 21h e rapidamente chegamos à Perinatal em Laranjeiras, em menos de 30 minutos. Na ida, terminamos de rezar o terço pedindo a intercessão de Nossa Senhora do Bom Parto, estávamos certos que eu iria ficar porque as contrações estavam ritimadinhas demais.
Chegando lá, entrei na maternidade toda sorridente. Meu sonho era já estar com uns 6 de dilatação!!! Hahahahaha, aí seria meio caminho andado... Eu quase não tive as contrações de Braxton Hicks (contrações indolores onde se sente a barriga endurecer) que já são preparativos para o parto, o que eu realmente sentia era a cólica no baixo ventre.
Fomos todos para a sala de exame, a médica plantonista já estava me esperando, ela tinha sido avisada pelo Dr. Mário que eu estava a caminho. Ela tinha uma carinha de quem estava no segundo grau, mas era uma simpatia só. Fizemos o exame de cardiotocografia e o coraçãozinho da Maria Clara estava ótimo. Aí ela foi fazer o tal do toque, muito ruim aquilo!!!!!! E a pergunta que não queria calar:
"Quanto de dilatação???"
"Você está com 1 de dilatação..."
Quase caí para trás, as contrações já não eram tão fraquinhas e eu AINDA estava com 1 de dilatação???? A médica me orientou a voltar para casa já que eu queria parto normal. Disse que era assim mesmo e falou duas coisas que não esqueço e ainda morro de rir: ela falou que o bebê nasceria só na segunda-feira e também disse que dava tempo de IR A SÃO PAULO E VOLTAR!!!!!!!!!!!!!
Voltamos para casa, e na volta, dentro do carro, comecei a sentir a contração mais fortinha, ela estava se intensificando e já não daria para dormir com aquela dor, imaginei como aquela noite não seria longa em casa. Deixamos Dona Olga em casa e fui com Sergio querido fazer sabe o que? LANCHAR NO HABBIB'S!!!! Eu e ele estávamos morreeeeendo de fome, não havíamos jantado porque fomos direto para a Perinatal e já eram 23h. Nós dois roxos de fome fomos para o Habbib's felizes da vida.
Algumas pessoas nos telefonaram como a Ingrid e ela me disse que bom que eu já estava com dor mais forte, isso significaria que seria mais rápido (Grrrrr). O Pedro também telefonou quando estávamos lanchando e na hora que veio uma contração. O Sergio falou para ele:
"A Didi? A Didi tá bem, tendo contração e dando soco na mesa."
Foi isso mesmo, eu estava em pleno trabalho de parto e estava lanchando calmamente no habib's. Como dava tempo de ir a São Paulo e voltar...hehehe... Pedi um Beirute enorme e dividimos um Sunday. Quando vinha a contração eu esmurrava a mesa ou então, levantava porque não tinha condições de ficar sentada. Aí o Sergio me vira para um garçom e fala com o maior sorrisão:
"Sabia que ela está em trabalho de parto?"
Que raiva!!! O Garçom me olha curioso, achando que era brincadeira e eu dei um sorrisinho por educação querendo matar o Sergio.
Voltamos para casa e eu não via a hora de chegar em casa, já estava andando devagar e chegando lá, me joguei na cama, tentava as posições que poderiam aliviar, tipo agachar, andar em casa, mas não dava, já estava ficando forte demais. Falei para o Sergio que ele tinha que fazer massagem ou contrapressão na lombar para ajudar a aliviara dor. Que pena que ele não leu nada sobre o trabalho de parto, teria ajudado mais e ficado menos perdido. Às vezes ele fazia massagem no lugar errado o que me deixava extremamente irritada... rsrsrsrsrs.
Fui para o chuveiro quente, eu também sabia que aliviava. Deixei a ducha quente bater bem onde doía e como aquilo aliviou!!!!! Nesse momento eu já chorava de dor e também me achava uma besta ter inventado esse negócio de parto normal!!! Com muita dor você joga no telhado todos os seus conceitos e teorias. Eu já achava que a cesariana era a quinta maravilha do mundo... hahahahahahaha...
Pelo telefone a Ingrid orientava a esperar mais um pouco, quanto mais tempo ficasse em casa era melhor e eu sabia disso também. Já era 02h30min da manhã do domingo e estava doendo para *** e olha que eu odeio palavrão!!! É porque estava doendo meeeeesmo. Eu não imaginava que era tão resistente. Eu falava para o Sergio que não acreditava que nada estava acontecendo, como não se estava doendo tanto? A essa altura do campeonato, eu já urrava de dor e as contrações vinham de 3 em 3 minutos e tinham duração de 1 minuto mais ou menos.
Nessa madrugada, o Sergio telefonou novamente para o Dr. Mário que orientou VOLTAR para a Perinatal. Como assim??? Não dava tempo de ir a São Paulo e voltar? Comédia total, não é? Só se fosse ida e volta de avião...
Bem e lá fomos nós, as 03h30min da madrugada pela Avenida Brasil afora. Dessa vez, a viagem foi punk porque ter contração sentada no bando de um carro e com cinto de segurança.... Sem poder se mexer ou se movimentar.... Dá para ter uma idéia? No caminho, telefonamos para a Ingrid. Falei para o Sergio dizer para ela que se ela não chegasse rápido na maternidade, eu ia acabar fazendo uma cesárea eletiva.
Chegamos à perinatal, eu estava bem diferente, com uma cara de "chama logo a médica AGOOOOOOOOORA!!" e lá veio ela, eu já estava com muita dor e tive que repetir o tal exame que tinha feito antes. Não tinha como duvidar, eu estava em pleno trabalho de parto dessa vez. O Sergio ficou na recepção fazendo a minha internação e subi para o quarto com um segurança carregando minhas bolsas. Eu estava com cara de poucos amigos, o coitado devia ta com uma vontade e sair correndo, me deixou no quarto e sumiu. Eu entrei banheiro adentro, abrindo o chuveiro, já ia me enfiar debaixo da água quente de novo quando vi que a água não esquentava. Nessa hora chegou uma enfermeira e me deu aquela linda camisola aberta atrás, ventilada... (ihihih) e pediu para eu tirar tudo: aliança, cordão, brinco, etc. Lembro dela falar:
"Você está com contrações muito boas!"
É porque não era nela!!!!! Perguntei pela água quente recebo a seguinte resposta cândida:
"Ahhh, a noite eles desligam..."
Quase chorei, mas quando o Sergio entrou no quarto, falei para ele ir resolver isso e na mesma hora veio um homem dos serviços gerais e colocou água quente para mim. Maternidade-hotel tem disso! Me joguei debaixo da água quente, além de me acalmar, aliviava em 50% a dor.
Aí chegou meu anjinho, Ingrid Lotfi, minha doula, veio dirigindo correndo de Jacarepaguá para Laranjeiras e segundo ela, quase matou dois no caminho. . Quando ela chegou, eu estava no chuveiro, rapidamente a Ingrid encheu a bola suíça para eu sentar, eu não imaginava como aquela bola relaxava e aliviava as contrações...

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Durante o trabalho de parto, Ingrid minha doula junto comigo.


Depois ela sentou atrás de mim e começou a fazer massagem na minha lombar com um óleo. Sua calma e segurança foi importante para mim e o Sergio e sinceramente, não imagino mais um trabalho de parto sem a presença de uma doula.

Relembrando o final da primeira parte, voltamos para a Perinatal na madrugada de sábado dia 22 para domingo dia 23. Esqueci de contar na primeira parte do relato que quando cheguei à maternidade pela segunda vez, fui novamente fazer o exame para saber quanto de dilatação eu estava e estava com 2 cm. Nossa!!! E eu já estava sentindo dor... Achava que já poderia estar com uns 4, pelo menos!
A enfermeira do 5º andar, já que fiquei no quarto 511, me viu com contração e falou que elas, (as contrações!!) estavam ótimas e me sugeriu DEITAR ( há há há) do lado esquerdo. Só não falei que ela estava louca porque realmente ela estava com boas intenções. Imagina ficar imóvel com contração! E a orientação que eu tinha era de caminhar e agachar, nunca ficar parada.
Quando a minha doula, a Ingrid, chegou por volta das 4h da manhã, eu estava no chuveiro quente (para quem quiser saber melhor o que é uma doula: www.doulas.com.br) e eu digo para todo mundo que graças a Deus que ela estava lá; com calma, técnica e simpatia. Chegou toda equipada, diminuiu a luz do quarto, encheu a bola suíça, tirou um óleo da bolsa e começou a fazer uma milagrosa massagem na minha coluna lombar, falando baixinho e mansamente. Eu não poderia nunca imaginar como algo tão simples daria tanto resultado e me acalmei na mesma hora.
Minutos depois chegou Dr. Mário, ele abriu a porta abruptamente e quando viu a doula, relaxou porque eu já estava sendo atendida. Lá fui eu para um novo exame de toque para saber a quantas andavam a bendita e até aquele momento temida dilatação... E qual foi a minha surpresa quando 1h depois de ter chegado à maternidade, a dilatação pulou de 2 cm para 4cm!!! Vi o sorriso do médico e um gritinho da doula de alegria. Também sorri e fiquei muito mais confiante. Logo depois estaria descendo para a famosa SALA DE PARTO HUMANIZADO da Perinatal.
E lá fomos nós todos, eu andando beeeeeeem devagar. Nessa hora, eu estava tão concentrada na contração que ainda não tinha caído a ficha que minha filha ia nascer!!! Entramos, eu e Ingrid na sala onde temos que trocar de roupa e vestir aquelas maravilhosas camisolas ventiladas na parte de trás (hehehe) e colocar a touca na cabeça e calçar os sapatinhos que acho eu, também servem de touca...
Eu estava achando ótimo, a maternidade era toda só para mim, não havia mais ninguém em trabalho de parto. Também! Era a madrugada de sábado para domingo e ninguém marca cesárea em um domingo, dia da votação do Referendo sobre armas de fogo, de madrugada. Eu estava em uma maternidade particular, considerada a melhor do Rio de Janeiro e, além disso, em um país que é o primeiro no ranking de cesáreas do mundo... Mas... Para a minha sorte, na tal maternidade particular, há uma sala de parto com uma CADEIRA DE CÓCORAS!!!! Claro que eu não ia ficar na posição horizontal! Quanto mais vertical melhor para ajudar a descida do bebê com a gravidade, afinal, a posição horizontal só é boa para o médico.
O mais engraçado foi a cara de curiosidade da enfermeira do setor quando viu a Ingrid enchendo de novo a bola suíça... A moça olhava com os olhos compriiiiiidos, disfarçava, olhava de novo... Aí depois de entrar e sair várias vezes da sala, ela não se conteve e perguntou para que servia aquilo. Depois foi a mesma coisa quando a Ingrid pegou a bolsa térmica e pediu água quente. Ficávamos eu e Ingrid trocando olhares e achando muito engraçado a falta de informação da enfermeira. Infelizmente, a maioria dos profissionais são só muito técnicos e quando chega alguém para ajudar na humanização do momento, acham esquisito.
E como era a sala de parto humanizada? Bem, era realmente bem diferente de uma sala de parto hospitalar comum. Tanto que eu perguntei se na hora do nascimento, mudaríamos de sala. Lembro da resposta da Ingrid: “Não, você vai ter seu bebê aqui.”; Nesse momento, a ficha estava começando a cair. Eu teria meu bebê, estava prestes a ter um bebê... Meu Deus do Céu! A sala é pintada com cores pastéis e é decorada de forma que parece um quarto de hotel, tem uma cama que não parece em nada uma cama de hospital e que apertando um botão aqui e outro ali, vira uma cadeira de cócoras. Além disso, tudo, no banheiro tem uma banheira de hidromassagem onde muitas mulheres tiveram seu parto na água. Que pena que não deu tempo de aproveitar a banheira... No quarto também tem um som para colocarmos música ambiente que eu também não pensei nisso e acho que como eu estava, acho que eu ia era xingar a música e mandar desligar!!! É tão diferente que quando minha cunhada entrou na sala, ela falou rindo: “que ‘salinha’ é essa?”.
O Sergio aprendeu com fazer a massagem na lombar que aliviava a dor e era muito bom porque ele tinha muito mais força do que a Ingrid. A massagem era bem onde doía. Confesso que tinha momentos que a contração era mais tranqüila e outras que Deus me livre! Nesse momento, eu estava sentada na minha amiga bola suíça com os dois, Sergio e Ingrid sentados no chão atrás de mim. Quando vinha uma contração forte e o Sergio não fazia a massagem direito, eu começava a xingar ele: “Não é aíííí!!!!! Mas que droga, não sabe fazer nada direito!!!!”; percebi um silêncio atrás de mim, era a Ingrid gesticulando e fazendo sinal com as mãos para o Sergio, dizendo pra ele “deixar para lá, que era assim mesmo”, ou seja, as grávidas em trabalho de parto xingam até a quinta geração seus amados maridinhos.
A Ingrid dizia que eu era uma “grávida religiosa” porque quando vinha uma contração forte, eu ficava repetindo: “Jesus, Jesus, Jesus”, ás vezes era: “Meu Deus, Meu Deus, Meu Deus” e também tinha horas que era: “Misericórdia, misericórdia, misericórdia”, heheheheheheehe.
Bem, só sei que nessas horas já devia ser umas 6h da manhã quando o meu obstetra veio fazer um novo exame de toque. Eu já estava com quase 6 de dilatação e agora. Estávamos todos animados em ver como a dilatação estava acontecendo tão bem, havia passado da metade, faltava pouco. Como sempre fui a favor da analgesia no parto, eu perguntei para o médico quando poderia tomar a anestesia, afinal eu estava com dor forte desde as 23h do sábado e já era 6h da manhã do domingo. O Dr. Mário me olhou e falou que já dava para tomar a anestesia e foi música para meus ouvidos escutar ele falar para a enfermeira: “Chama lá o Norival”. O Dr. Norival foi meu anestesista e pai de um grande amigo, o Pedro.
Quando chegou o anestesista, eu perguntei logo pelo Pedro e me apresentei como amiga do filho dele, afinal estava esperando-o para assistir o parto também. Quando o Dr. Norival falou que ia telefonar para o Pedro para avisar-lo que eu estava já na sala de parto, eu falei na mesma hora: “Tudo bem, mas o senhor vai primeiro me dar a anestesia, tá???” Nem preciso dizer que todo mundo caiu na gargalhada.
Bem, tomar a anestesia não é nada agradável, parece que a gente enfia o dedo na tomada e toma um choque. A sensação foi exatamente essa. Mas, logo depois, a sensação é a melhor do mundo, quando a dor não é mais sentida.

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Sorrindo mas, com muita dor.

Conversei com o obstetra que a dor da contração era muito forte, mas não era desesperadora como pintam por aí. Sinceramente, falo com todas as letras: DÓI, mas nada que não seja totalmente suportável. O médico falou que eu era bem resistente a dor. Fiquei assim, literalmente no céu, um bom tempo, papeando, jogando conversa fora com o Sergio, a doula e o anestesista, falando de mil coisas, rindo e falando de planos de telefonia celular, ninguém merece!! Marido que trabalha na Oi fala nisso até quando a filha está prestes a nascer...

Quando estávamos assim, no maior papo, chegou a minha cunhada Sheyla, médica pediatra. Ela entrou, olhou para a sala de parto humanizada e quando viu tudo bonitinho e pintadinho falou rindo, como já falei: “Gente, que ‘salinha’ é essa?” Logo depois dela, chegou o Pedro, nosso amigo, médico e filho do anestesista. Deve ter vindo correndo de casa depois que o pai ligou para ele. Assim, havia uma platéia para assistir o parto da Maria Clara, além da equipe médica que também era muito grande. Minha cunhada e o Pedro em nada atrapalharam, mas se eu pudesse voltar atrás, teria expulsado aquela equipe médica enorme da sala, porque era muita gente olhando para a minha cara e isso não foi nada bom.
Novo exame de toque!!!! 8 cm de dilatação!!! Muito perto!!! Nesse momento, havia um entra e sai de enfermeiras, o que eu hoje, vejo como um ponto muito negativo e eu não queria que tivesse sido assim, como outras coisas que não gostei e vou contar. Depois do exame, o médico pegou uma comadre e veio com uma espátula enooorme que ia afinando na ponta. Eu na mesma hora percebi o que ele ia fazer e vi o Sergio me olhando com uma interrogação estampada no rosto. O que ele ia fazer? Falei para o Sergio que o médico ia estourar a bolsa que até aquele momento não havia rompido. Estava sendo um trabalho de parto perfeito até aquele momento, nada de soro com ocitocina na veia, o que aumenta as contrações deixando-as insuportáveis quando não se toma anestesia e também a contração é muito mais forte quando a bolsa rompe no início do TP, o que não foi o meu caso.
Quando o médico rompeu a bolsa, quase não saiu água porque a Maria Clara estava bem encaixadinha. Faltava muito pouco para se completar a dilatação, o médico toda hora monitorava o coraçãozinho da Clarinha e a expectativa era grande. Até esse momento eu estava ainda muito calma. Minha cunhada falava: “Vamos Maria Clara! Sai logo daí” e o médico brincava falando que ele ainda teria que votar naquele dia, porque era o dia do Referendo sobre as armas de fogo.
Quando a dilatação chegou a 10 cm, dilatação total e completa começaram a arrumar o local, e a tal cama onde eu estava confortavelmente deitada se transformou em uma cadeira de cócoras. Trouxeram aquela caminha onde a pediatra examina o bebê pela primeira vez, quando ele nasce e ascenderam uma luz super forte na minha frente, era um holofote aquilo! Olhei desesperada para a Ingrid, eu não queria luz forte em cima da minha filha quando ela nascesse, imediatamente, a Ingrid falou com o médico e ele mandou a enfermeira desligar o “holofote”. As enfermeiras que estavam ali eram curiosas, uma delas era muito simpática e saiu correndo para chamar o médico quando falei que estava incomodada com vontade de fazer força para baixo. Era a Maria Clara muito perto de clarear.
Toda a equipe se preparou, o obstetra, o anestesista, o médico auxiliar, o instrumentador, a pediatra (esperando sentada porque poderia demorar, como demorou), as enfermeiras, a doula de frente para mim, Sergio do meu lado, Pedro super discreto na porta do banheiro e minha cunhada encostada na parede atrás de mim. Lembro de tudo mesmo!!!! Nesse momento, me deu pela primeira vez um frio na barriga, aí eu fiquei um pouco nervosa e comecei a mexer no meu cabelo, de um lado para o outro... Sim, havia realmente uma platéia. O médico e eu começamos a ensaiar como se fazia força, ele dizia que teria que ser uma “força comprida”. Entendi e comecei a treinar, acertei em cheio como fazia; recebi um elogio dele, disse que eu era boa para fazer força. É engraçado isso, aprender como se faz força porque assim, evita gastar energia à toa. E energia é o que mais precisamos nessa hora. Ainda mais eu, que estava 24h acordada e quase 12h em trabalho de parto (7h com contração forte).
Vi o Pedro atender o celular! Mal sabia eu, que a Geisi, minha amiga enfermeira, estava se aventurando para tentar entrar na sala de parto, dando uma de 007. Ela conseguiu entrar escondido na sala de vestimentas da Perinatal, trocou de roupa, colocou a roupa do centro cirúrgico, tudo escondido!!! Ainda conseguiu uma chave e guardou as coisas dela em um dos armários... Sem nenhuma enfermeira de lá ver. Quando ela estava pronta, telefonou para o Pedro perguntando onde estávamos, falando bem baixinho para não ser descoberta. Depois me contou que o Pedro respondeu: “Onde você está sua maluca?” e ele foi ao encontro dela, mas infelizmente, ela foi barrada por uma enfermeira que chegou bem na hora... Mas voltou para o berçário e presenciou a chegada da Clarinha lá e até eu queria estar lá também, ihihihihi, porque foi emocionante.
Enquanto isso, os emails pipocavam na internet nas duas listas que eu participo: PUR-RJ, onde sou vice-coordenadora estadual e Esposas Chics. A expectativa do nascimento da Maria Clara era enorme.
Começamos o expulsivo de fato, eu não sentia a dor da contração e nem a contração. Dr. Norival colocava as mãos na minha barriga e dizia quando eu precisava fazer a tal força comprida. Eu precisava fazer a força junto com a contração, havia uma barra de ferro na minha frente. Era muito bom, além de eu estar bem sentada e confortável, bem vertical, eu ainda tinha essa barra para me segurar e ir mais para frente. Fiquei imaginando como seria fazer força com dor da contração ao mesmo tempo... Eu não tenho noção do tempo que ficamos nessas tentativas. Lá pelo meio do tempo em que ficamos no expulsivo, eu senti muita sede e pedi água, na verdade perguntei se poderia beber água. Eu esqueci que aquela proibição em relação a se alimentar em TP não existia para mim. Meu médico me liberou para comer e falou até para eu levar um chocolatinho, o que eu nem me lembrei, poderia ter me ajudado muito. Quando pedi a água, imediatamente o médico falou: “Não quer um cafezinho?” e o outro: “Um refrigerante?”; senti-me tão paparicada... hehehe... Preferi a água mesmo e o Dr. Norival me deu na boca!
Só sei que à medida que o tempo passava e a Maria Clara não nascia, os sorrisos foram se apagando, aquela alegria de que estava tudo “redondinho” foi diminuindo e eu mesma estava começando a me sentir meio impotente. O Sergio, do meu lado, me dava a maior força, quando eu o olhava entre uma tentativa e outra, via que se ele pudesse trocava de lugar comigo. O clima começou a ficar tenso, havia uma enfermeira que me olhava com uma cara que traduzia: “até quando ela vai resistir?” Só quem me olhava sorrindo e fazendo sinal de que eu estava indo bem foi a Ingrid, minha doula “forever”. Eu a olhava com sede de informação de como estava o expulsivo e ela sorria e fazia sinal de tudo bem com as mãos. Claro que não estava tudo tão bem, mas ela me deu força e incentivou até o final.
Nesse momento, eu pensei em muitas coisas, pensei em Nossa Senhora sem anestesia, dentro de uma gruta cheia de animais, tendo o Menino Jesus; pensei em minha avó materna Edwiges que não conheci e que teve seus filhos em casa, no interior do CE. A sensação foi de união com toda a natureza, com todas as mulheres do mundo, com todas as minhas ancestrais. Foi um momento mágico onde é difícil traduzir a experiência maravilhosa do parto normal e como é enriquecedor vivê-lo, como fortalece e como nos leva lá no fundo da nossa essência feminina.
Mas, a Clarinha não se mexia... Ela estava em uma posição considerada difícil, mas que não anula em nada a possibilidade de nascer de parto normal, ela estava posterior e com dorso à direita. O anestesista tentou ajudar com a Manobra de Kristeller, onde outra pessoa empurra a barriga com o antebraço e junto com a contração, se faz a força. Caramba!! Não foi nada agradável... Mas, o obstetra falou: “o bebê nem se mexeu”. O outro médico tentou ajudar, ele era bem maior e mais forte, eu pensei: “esse cara vai me quebrar”, fizeram várias tentativas com a Manobra de Kristeller e eu me esforcei ao máximo, mas a Clarinha não saía do lugar de jeito nenhum. A Ingrid chamou o Sergio para ver o cabelinho dela que já dava para ver lá de dentro. Foi uma pena, porque um pouquinho mais só, ela nasceria... Mas ela não se mexia! Realmente, eu não tenho noção do tempo que tentamos. Lembro do Dr. Mário falando para mim: “Edwiges, nós vamos tentar mais uma vez, se ela não nascer, vamos fazer cesárea. Não vamos arriscar, o bebê pode estar sofrendo.”. O meu sonho era o parto normal, mas naquela hora, eu não me importei e até dei Graças a Deus. A Ingrid ainda tentou opinar sobre alguma posição, mas o médico não quis tentar e eu estava tão cansada que a escutei falando; “Força, Edwiges...”, mas queria mesmo era ir para a cesárea, para mim que estava muito casada, não fazia diferença mais, queria que a minha filha nascesse. Eu realmente estava esgotada, sem dormir, tinha chegado ao meu limite. Falei para o médico: “Eu fiz o que pude”, não vou esquecer da resposta dele: “Você fez muito mais do que pode!”.
Tentamos mais um pouco e como a Maria Clara continuou imóvel, foi preparado o centro cirúrgico. Fui levada para lá, anestesiada mais um pouco, levantaram aquele pano azul na minha frente, colocaram a caminha onde examinariam a Clarinha pela primeira vez do meu lado. Estavam comigo o Sergio, o Pedro com a máquina fotográfica e a Ingrid. Lembro dela falando para mim: “Agora é rapidinho, em 5 minutos, ela vai estar aqui”.
O Sergio depois me contou que o obstetra com uma pinça puxou minha barriga até em cima para ver se a anestesia estava agindo e me perguntou: “Tudo bem, Edwiges?”, e como eu respondi que sim, começaram a cortar. Mal sabia eu que minha barriga estava sendo pinçada e puxada para o alto...


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Nasceu a nossa linda Clarinha de uma cesariana não eletiva.

Alguns minutinhos se passaram, eu olhava o Sergio espiando por cima do pano azul e escutei quando ele soltou um “haaaaa”, era a Clarinha sendo retirada da minha barriga, escutei um choramingo e logo depois, um chorinho mais forte. Antes de qualquer coisa, a enfermeira trouxe a Maria Clara e a colocou em cima de mim. Eu a achei linda! Ela fazia uns bicos que eu fiquei encantada, não cansava de falar para ela como ela era linda.

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Conhecemos a nossa Maria Clara, um momento especial demais.

A Maria Clara chegou chorando e quando escutou minha voz, ela parou de chorar imediatamente e ficou me olhando. Ficamos assim, nos olhando e foi amor à primeira vista, ficamos assim um bom tempo, tiramos fotos, filmamos e ficamos eu, Sergio, Pedro e Ingrid namorando a Maria Clara. Uma enfermeira colocou a pulseirinha de identificação nela e a levou para ser examinada pela pediatra.

O próprio Sergio levou a Maria Clara para o berçário, é um procedimento lindo na Perinatal, eles incentivam o pai a levar o bebê para o berçário. Deve ter sido uma cena maravilhosa que só quem viu foi minha sogra Olga, aos prantos e a Geisi. Elas viram a chegada da Clarinha ao berçário no colo do pai.
Enquanto isso, eu estava sendo “fechada”, hehehe... A equipe me deu os parabéns e fiquei deitada na maca esperando me levarem para o quarto. Quando subi para lá, me esperavam meu pai, meus sogros, a Ingrid, a Geisi e a Lu Maria. Depois o Sergio chegou também, numa alegria só. Aliás, o clima era de muita alegria e eu não estava me importando o fato do meu parto normal ter acabado numa cesárea. Hoje, eu brinco e digo que a Maria Clara nasceu de 95% parto normal e 5%, de cesárea, porque só foi cesárea na hora dela sair mesmo!
Estávamos todos esperando a chegada da nossa estrelinha, do nosso solzinho e um tempinho depois, que não chegou há 1 hora, ela chegou.


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Clarinha com horas de vida.

A Maria Clara saiu dos braços da enfermeira e veio direto para o meu peito e assim foi a sua primeira mamada, orientada pela enfermeira e depois pela Geisi. Claro que ficamos todos completamente hipnotizados por ela. Minha sogra Olga, não saía de perto e ria quando a Clarinha suspirava mamando. Aos poucos foram chegando às primeiras visitas. Confesso que a princípio, eu e Sergio não queríamos que ninguém aparecesse, porque estávamos há um dia sem dormir e exaustos. Mas, conseguimos descansar um pouco antes do pessoal começar a chegar e foi muito gostoso receber todo mundo, só que eu tinha que contar essa história toda, várias vezes. Algumas pessoas quando chegaram, me pegaram chorando, olhando para a Maria Clara.

A única coisa ruim dessa história para mim foi levantar a primeira vez da cama no dia seguinte para tomar banho. Fui ajudada por duas enfermeiras, mas, foi terrível. Eu não conseguia me mover, não conseguia andar e só a tentativa de andar até o banheiro, quase me fez desmaiar. Tive que tomar um banho gelado para não desmaiar de vez. Eu não estava preparada para aquilo e senti muito. Falo para todo mundo que prefiro 10000000 trabalhos de parto a uma cesariana e olha que a minha recuperação foi boa. Da próxima vez, tentarei novamente o parto normal. Agora que sei que não é nenhum bicho de sete cabeças!!! Mas, vou me preparar melhor e fazer algumas coisas diferentes. Uma delas é esperar mais tempo para receber a anestesia, fazer exercícios para o bebê se posicionar melhor, não deixar a sala de parto parecer a arquibancada do Maracanã e lá vou eu começar a ler e estudar sobre VBAC (sigla em inglês de parto vaginal após cesárea).
Nossa filha está aqui no meu colo, me fazendo digitar com uma mão só... tudo na minha vida mudou, eu não vivo mais sem ela. Hoje, ela está com 3 meses e já sorri com um SORRISO BANGUELA mais lindo do mundo que deixa a mim e ao pai malucos. Não canso de agradecer a Deus por ela, por ela ser linda, feliz e com saúde. Eu e ela, às vezes, ficamos nos olhando e no olhar dela eu vejo tanto amor!
Bem, aqui termina o relato do nascimento da Maria Clara e começa um relato ainda maior, construído dia após dia.
Filha, estarei com você todos os dias da sua vida, em qualquer situação, em tudo quero estar presente e ser a sua melhor amiga. Amo você demais, minha princesa.


Mamãe


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RELATO DO NASCIMENTO DO JOÃO PAULO


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Eu cresci escutando que meu nascimento foi cesareana porque minha mãe não teve dilatação e depois comecei a agradecer a Deus por isso afinal eu, ao nascer, estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço... Santa Ignorância! Quando fiquei grávida da Maria Clara, conheci a lista do yahoogrupos “parto nosso” que foi uma escola para mim, além disso, fiz amizades lindas, coisas que a internet nos presenteia. Aos poucos fui entendendo que há um movimento nadando contra a maré, mostrando e aos poucos conseguindo que o parto normal pode ser vivido de uma forma mais humanizada e que a grande maioria das cesáreas são desnecessárias e acontecem muitas vezes por falta de informação.
Eu acredito que qualquer mulher que conhecesse bem o assunto parto normal não faria opção pela cesárea e muito menos se deixaria “enganar” por uma desculpa esfarrapada do seu obstetra, com exceção das mulheres que conhecem o assunto e mesmo assim fazem a opção pela cesárea conscientemente.
Num mundo onde se faz a opção pela rapidez, onde apertar um botão e estar tudo pronto é comum, é difícil conscientizar pelo bem que faz ESPERAR pacientemente pelo momento certo. E falo isso tanto de médicos como de pacientes.
Quero deixar claro que não sou em hipótese alguma contra a cesárea. Ela é uma benção de Deus quando usada para salvar vidas, mas, não concordo com o alto índice de cesáreas que poderiam ser evitadas e que acontecem pelos motivos mais banais. É só pesquisar que as “teorias” usadas caem por terra. E em muitíssimos casos roubam de uma mulher a possibilidade de vivenciar um parto normal sonhado. Também não concordo com um ambiente hostil que há nas maternidades públicas onde as mulheres vivem um “parto normal frankstein” e não tem nem direito a um acompanhante. Esse ambiente transforma um momento especial em algo traumatizante para muitas.
Minha filha Maria Clara que tem hoje 1 ano e 10 meses nasceu de cesárea depois de 17h de trabalho de parto e com 10cm de dilatação. Tudo estava indo bem, eu tinha uma doula, plano de parto, mas a minha falta de experiência me fez pedir a anestesia muito cedo, com quase 6cm de dilatação e depois tomei mais uma dose aos 10cm. Fiquei parada, sem me movimentar e a Clarinha não desceu, ficou alta e empacou no canal do parto. No caso dela, nem fórceps dava jeito. Para piorar a situação, ela estava posterior e defletida e como eu estava imóvel por causa da anestesia, acabei numa cesárea. Me culpei durante 1 semana, sofri, chorei, me senti derrotada. Só parei quando escutei da minha doula que o procedimento tinha sido certo e que com a posição do bebê e eu anestesiada, minha filha não nasceria de parto normal.
Sinceramente, não culpo o obstetra, a situação era num todo problemática: posterior, defletida, mãe anestesiada duas vezes e sem se mexer e exausta... quando me foi sugerida a cesárea, na hora não fez diferença. Caso eu não estivesse anestesiada, eu teria mais chances, sei que no meu caso a anestesia só complicou mais ainda.
Mas, enfim... que bom que aconteceu tudo isso, pq agora tenho a chance de mostrar a todos que é possível um VBAC (parto vaginal após cesárea).


O domingo, dia 26 foi muito especial para mim, meu coração já me dizia que eu e meu marido Sergio precisávamos aproveitar algum tempo juntos pq provavelmente depois seria mais difícil com duas crianças pequenas. Fomos à missa na Igreja Coração de Maria. Antes da missa, nós nos confessamos e durante a celebração, comecei a me emocionar e sentir que estava muito perto para o João Paulo nascer. Foi muito especial, um momento que não se explica e não se racionaliza. Depois da missa, fomos jantar comida árabe e voltamos para casa. Eu já estava muito cansada.
Na madrugada de domingo para segunda, dia 27 eu acordei várias vezes com dor na lombar. Acordei antes das 7h da manhã pq tinha perdido o sono por causa da dor. Comecei a cronometrar e estava de 10/10 min. Era a minha velha conhecida dor na lombar, a mesma dorzinha que senti no trabalho de parto da Clarinha e acho que nunca vou esquecer. O Sergio iria entrar de férias na sexta, dia 31 e estava meio tenso pq precisava daquela semana para colocar tudo em dia no trabalho antes das férias. Combinei comigo mesma que não contaria para ele, só se as contrações apertassem, sinceramente eu não queria contar, mas não deu... antes dele sair para trabalhar, eu precisei contar, para mim, com contrações ritmadas, era óbvio que eu estava em trabalho de parto e como já era o segundo filho, poderia ser tudo fosse rápido demais. Meu marido ficou ótimo, foi para o trabalho com a promessa de voltar depois do almoço.
Telefonei para a Ingrid, minha doula querida, importante para mim desde o nascimento da Clarinha. A ligação entre uma mãe e uma doula é para a vida toda, alguém que vamos nos lembrar para sempre, alguém que faz parte de um momento especial demais na vida de uma mulher. Para quem não sabe o que é uma doula: (www.doulas.com.br), ela prometeu que também chegaria depois do almoço.


Era segunda dia 27, na terça dia 28 eu completaria 39 semanas. Iria cuidar dos últimos preparativos naquela semana. Logo que meu marido saiu para o trabalho, fui com contração e tudo mais, rs, fazer depilação!! Era umas 9h da manhã e ainda bem que aqui na Tijuca onde eu moro tudo é perto... Na recepção veio uma contração e eu gesticulei para a recepcionista: “estou em trabalho de parto”, a moça quase caiu para trás e logo depois veio a moça que faz a depilação toda esbaforida e com os olhos arregalados, hehehe... eu falei: “Calma que não vai nascer agora”. Ainda passei nas Lojas Americanas pq precisava comprar um travesseiro para minha tia que estava na minha casa. Ainda pensei em fazer uma escova no cabelo, queria ficar bonita!!! Mas era segunda-feira e não havia um salão perto da minha casa aberto... como eu também não estava com disposição de fazer eu mesma, deixei para lá! Chegando em casa, mandei alguns emails avisando aos amigos pq tinha certeza absoluta que o João Paulo nasceria naquele mesmo dia, no dia 27 à noite.
Telefonei para duas amigas, a Gica e a Geizi que acompanhariam o TP também e enquanto eu estivesse em casa, me ajudariam e ajudaram muuuuitooooo, sim! Sergio e Ingrid precisavam ficar um pouco no trabalho deles para poderem me dar atenção total depois quando o bicho pegasse, enquanto isso as duas foram meus braços direitos. Às 16h, Sergio, Ingrid e Gica foram comigo ao consultório do obstetra, eu estava com contração desde a madrugada, ou seja, para mim eu estava em TP há 12h, só que... não vi nenhum sinal do tampão mucoso... nada, nada, nada... mesmo sentindo contrações tão ritmadas e que já incomodavam muito. A Ingrid já havia me alertado, falando que eu estava muito no início que devia ser ainda a fase latente e não trabalho de parto efetivo. Eu imaginava que iria desmarcar a mulherada toda que estava na sala de espera, como tantas vezes aconteceu comigo e que me deixava irada, ihihih, quando liguei para o consultório e falei com a secretária ainda brinquei: “Eba! Agora chegou a minha vez de desmarcar todo mundo!!”
Quando o médico me examinou, disse o que eu temia, mas que esperava: “Colo macio, mas fechado”, ou seja, eu NÃO estava em trabalho de parto! Era a fase latente, eu estava prestes a entrar em TP, isso deveria acontecer em 3h ou 1 dia, era imprevisível, mas que estava perto, estava. Voltamos para casa. Nessa hora me bateu um desânimo tão grande... pq eu já sentia dor que incomodava bastante e não tinha nada de dilatação, nem 1 centímetrozinho para me dar algum incentivo! No carro mesmo, comecei a chorar, eu queria era um colo mesmo, precisava de apoio. No fundo do meu coração eu sabia que não queria desistir. Sempre soube que para se ter um parto normal era necessário ter paciência ou estaria prestes a cair de cabeça numa cesárea desnecessária.
Em casa, a Ingrid me deu o colo que eu precisava, ela teve sensibilidade, deitei no seu colo e chorei, fiquei com medo sim, sabia que aquelas contrações ficariam muito fortes e naquele momento eu temia isso. Também tive medo de não dar certo mais uma vez, de chegar perto e de dar alguma coisa errada e tive medo de cuidar de duas crianças pequenas. Depois que coloquei tudo isso para fora, melhorei muito e fomos todos lanchar. A Maria Clara já havia chegado da escolinha. Ficamos todos sentados na minha cama, eu, Sergio, Gica e Ingrid brincando com Maria Clara. Depois eu fiquei um tempo sentada na bola suíça.

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Eu, na bola suíça e Ingrid, minha doula.


Já era noite do dia 27, Geizi chegou e a Ingrid voltou para o trabalho, continuamos todos na minha cama, enquanto vinham as contrações, Geizi fazia contra-pressão na minha lombar. Dei atenção para a minha filhotinha, beijei-a muito, ela estava prestes a deixar de ser filha única para ser a irmã mais velha. Nessa noite, Clarinha rabiscou a minha barriga, deu beijo, falou “João Paulo, eu te amo” e escutamos mil vezes a musiquinha do “Tubarão”. O Sergio ficava toda hora cantarolando um pagode e eu nem gosto de pagode, mas a tal música não saía da cabeça dele para o meu desespero... era aquela “Me liga, me manda um telegrama...” Fala sério!!! Entre as contrações, eu, Geizi e Gica ríamos muito, fazíamos muita bagunça e nos divertíamos. Quando vinha uma contração mais forte eu afundava a cabeça num travesseiro e quando eu levantava com o cabelo todo em pé, me arrependia amargamente de não ter feito uma escova!!! Hehehe...


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Durante o TP, eu e Sergio no intervalo entre contrações.


Eu estava com uma “equipe” muito boa, eu sabia que aquelas pessoas não me deixariam desistir. O meu trabalho de parto inteiro foi muito humanizado e voltado para mim e para o que eu precisava. Foram momentos onde eu fui profundamente respeitada. Quando eu queria chorar, recebia apoio, recebia carinho, massagem ou apenas um olhar cheio de compreensão ou um toque no ombro. Os momentos de desânimo foram bem menores do que os de animação. Na maioria do tempo dessa noite, eu estava bem e brincava, ria com o Sergio e minhas amigas. Todos nós estávamos bem humorados e felizes por que era a hora que já esperávamos a muito tempo, cada um de nós a sua maneira, pq estava combinado que essas pessoas estariam presentes durante o trabalho de parto.
Quase 22h, comecei a sentir que as contrações não eram apenas na lombar, comecei a sentir a contração também na barriga, comecei a sentir também o bebê descendo e isso foi me animando muito. Eu sabia que estava perto. Logo depois disso eu fui para a água quente. O Sergio preparou a banheira para mim e assim que eu entrei, já pude sentir um grande alívio e como estar dentro d’agua quente me relaxou. Eu consegui até cochilar na água. Fiquei 1h na banheira e depois fui para o chuveiro quente. O Sergio foi dormir um pouco enquanto a Geizi e a Gica ficavam comigo, me fazendo companhia e cronometrando as contrações. Nesse momento, vi que o tampão mucoso estava saindo. Fiquei tão feliz! Agora a dilatação iria começar a acontecer, já era meia noite e se iniciava o dia 28 de Agosto, dia que João Paulo ia nascer.

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Geizi, eu e Gica fazendo palhaçadas entre as contrações.


Todo mundo dormia na minha casa e eu fui para o computador escrever um email para os amigos, aqui está parte dele:
“Fiquei em casa com o Sergio, minha doula e duas amigas, já ri para caramba e já chorei tb... já chorei no colo da doula pq estava com medo... já me animei e fiquei bem depois... já fiquei na banheira de água quente e no chuveiro.. já recebi bastante massagem nas costas, já comi sanduíche... já deixei a Clarinha rabiscar a minha barriga... e já ouvi ela falar "João paulo, te amo" e dar um beijinho.”
Eu estava muito cansada, tudo que eu queria era dormir um pouquinho. Estava acontecendo muito parecido com o trabalho de parto da Maria Clara que também aconteceu de madrugada. Na primeira vez, eu não dormi nada o que me prejudicou muito. Eu queria descansar e deitei com Sergio. Consegui dormir profundamente entre as contrações que vinham de 10/10 min, 6/6 min e às vezes de 8/8 min, os intervalos não eram de todo constantes, e a duração das contrações eram de 30 a 40 segundos. Eu já estava a quase 1 dia em pródomos... era preciso que eu tivesse paciência e esperasse. Tudo dependia muito do meu emocional, eu precisava estar bem focada no meu objetivo e ter paciência, esperar, esperar, esperar. O parto normal exige espera e por isso muita gente não agüenta e marca uma cesárea, não agüenta de ansiedade e nem espera o trabalho de parto começar ou não estavam preparados para viver um trabalho de parto. Assim perdem o melhor da festa por que não foi para mim sacrificante esperar, ao contrário, eu vivenciei minuto a minuto o grande momento da minha vida até hoje.
Ás 3h da madrugada do dia 28, comecei a sentir que as contrações estava muito mais fortes do que antes. Já havia se passado praticamente 12h que eu fui examinada e resolvi telefonar para o obstetra de novo, ele mandou ir para a Perinatal. Eu seria examinada pelo plantonista. Telefonamos para a doula que foi nos encontrar na maternidade.
Tudo que tinha sido ruim no trabalho de parto anterior por falta de experiência, eu fiz diferente dessa vez, por isso, me preparei para ir no banco de trás do carro e não ir sentada imóvel e de cinto de segurança no banco da frente, hehehe. Não deu muito certo porque fiquei meio imóvel entre a Geizi e a cadeirinha de carro da Maria Clara... mesmo assim, quando vinha uma contração a Geizi dava um jeito de fazer massagem na minha lombar. Quando entramos na recepção da Perinatal, eu vi a mesma cena de quase 2 anos atrás, também era madrugada, também era quase 4h da manhã e a recepção estava vazia, óbvio! Veio uma contração e eu me abaixei no balcão da recepção, uma enfermeira perguntou há quanto tempo eu estava daquele jeito, a Gica respondeu, mas não lembro nada do que ela disse.
Nessa hora vi o quanto dá certo contratar o serviço de filmagem e fotografia nas cesareanas marcadas por que se chega na maternidade linda, maquiada, escovada, cheirosa e sorridente, com a família toda em volta igualmente sorridente, hahahahaha... eu pensei em contratar, mas não quis, eu mesma desisti por que iria dar um chute no filmador se ele se aproximasse um pouco mais de mim. Sem condição de me sentir filmada por um estranho numa situação dessas ou de saber que ele estaria por perto e filmaria alguma coisa... não funcionaria no meu caso.
O médico veio me examinar, constatou que eu estava com contração, com o colo 70% apagado, mas para a minha decepção eu continuava com o COLO FECHADO. Meu Deus!! Eu estava em pródomos a 1 dia e já havia 12h que fui examinada pelo meu obstetra e nada mudou?? Se uma mulher não estiver preparada para essas coisas e se ela não estiver tendo apoio de ninguém, na primeira oportunidade, ela vai querer a cesareana.
Agora vem a pior parte de todo o processo. O médico me mandou para a cardiotocografia. Sergio fez a mesma pergunta para o médico e para a enfermeira: “para que serve esse exame?” a resposta da enfermeira foi: “Para avaliar o bem estar o bebê.” E o médico respondeu: “para ver se o bebê está em sofrimento”. Dois profissionais e duas visões tão diferentes!! Bem, falei que foi a pior parte, não é? Bem, isso foi de fato sofrimento. Se alguém comentar um dia comigo que eu “sofri muito” para o João Paulo nascer, eu posso responder que sofri apenas quando me colocaram no cardiotoco. Foi desesperador, eu com contração forte, muita dor e tendo que ficar 30 min IMÓVEL. Quando vinha a contração, eu chorava, as lágrimas escorriam, Sergio ficava de um lado, Geizi do outro me dando o maior apoio e Gica cronometrava as contrações. Mas, o tempo foi passando e foram os mais longos 30 minutos da minha vida. À medida que o tempo passava e o médico não terminava o exame, Sergio, Geizi e Gica sofriam comigo, se remexiam impacientes e reclamavam que estava demorando muito. Esse exame me desestruturou completamente, fiquei completamente desequilibrada. Já não queria mais saber se seria parto normal ou não, tinha perdido o meu foco. Mas, minha equipe de parto era muito boa e não me deixariam desistir. Eles sabiam o quanto tudo isso era importante para mim quanto pessoa e que lá dentro do meu coração eu não queria desistir de verdade. Nas vezes que eu falava “eu não consigo”, a Geizi e a Gica respondiam em coro: “conseeeeeeeeegue!!”. Quando eu dizia “não vou conseguir”, elas falavam: “vaaaaaaaaaii!!”. Era muito fácil falar; “Ta bom, Didi, vamos conversar com o médico e vc vai para a cesárea, assim tudo vai acabar rápido.” Mas, eles sabiam que não era isso que eu queria e me ajudaram a voltar para meu objetivo.


Acho que quem inventou qualquer situação que fosse que impedisse uma grávida em trabalho de parto de se movimentar ou que a deixasse imóvel por qualquer motivo com contração deveria queimar no fogo do inferno!!!!!!!!!!!!!! Quando terminou o exame, o plantonista telefonou para meu obstetra e comunicou o meu NADA de dilatação, passando o telefone para mim, conversei com ele que reforçou o meu colo fechado e se eu queria ficar na maternidade ou voltar para casa. Falei que queria me internar. Voltar para casa para mim naquele momento seria a morte, para o meu emocional seria muito pior, fora que ter contração dentro do carro era o ó do borogodó... preferi me internar.
Saí desse exame bem desequilibrada e chorando muito. Sim! Foi sofrido. Nessa hora achei que a cesárea era a sétima maravilha do mundo... a Ingrid entrou comigo no banheiro e me deu uma prensa. Falando bem baixinho, mas sendo firme, me chamou a realidade. Falou que era assim mesmo que acontecia e que eu devia retomar ao meu foco principal senão ficaria muito difícil. Parei de chorar e de me sentir uma coitada na mesma hora e subimos para o quarto 603. Eu estava muito bem equipada com minha doula, meu marido e minhas amigas. Eu fico repetindo isso porque foi fundamental para mim estar com pessoas que eu confiava e que também confiavam em mim. Já dentro do quarto, fui imediatamente para a bola suíça e comecei a me concentrar novamente, as contrações já não pareciam tão desesperadoras. Eu estava dentro de um hospital e não tenho problemas com isso, sempre gostei de hospitais e já quis ser médica um dia. Mas... nesse mmento entra porta adentro uma enfermeira cheia dos procedimentos hospitalares e me viu com um copo de água na mão. A bendita quase arrancou o copo da minha mão: “não pode beber água!!” Respondi que meu médico tinha liberado, que estava no meu plano de parto e por isso eu podia beber água, sim. Fala sério, como que uma mulher pode encarar um trabalho de parto altamente desgastante fisicamente sem comer e beber nada??? Eu bebi água e ainda tomei iogurte. A querida enfermeira ainda queria que eu no meio de uma contração assinasse um papel lá da internação... Deus do Céu!! Discernimento zero... Sergio me socorreu e assinou por mim e teve que ser meio grosso com a fulana e falar que o titular do plano era ele, por que ela queria que eu assinasse no meio da contração, ou seja, quando eu estou começando a me concentrar novamente, entra no quarto essa criatura maravilhosa...
As contrações estavam incomodando muito. A Ingrid colocou a boa suíça debaixo do chuveiro quente. Esse foi um momento muito especial, ela apagou as luzes do quarto e entrou comigo no banheiro que também estava com as luzes apagadas. Ficamos as duas até amanhecer, eu sentada na bola suíça, debaixo do chuveiro de água quente e a Ingrid sentada do meu lado, nós não falávamos nada e não precisava naquele momento, a sintonia entre nós duas era grande e só de uma olhar para a outra já bastava. Comecei a relaxar novamente, abaixava a cabeça no colo dela e entre as contrações conseguia dormir profundamente. Quando vinha a contração, eu me concentrava nela e falava para mim mesma; “Vai passar e está passando”.
Eu estava a apenas 1h com a Ingrid no banheiro e já estava super bem, chegou o meu obstetra, era 5h da manhã do dia 28 de Agosto. Era a hora de ver a dilatação, mas fiquei tranqüila, apesar de querer muito que a dilatação estivesse pelo menos no 1cm, sabia que as notícias poderiam ser boas ou não. Para a alegria de todos nós que ansiávamos por isso, eu já estava com 3cm de dilatação. Em apenas 1h havia dilatado 3cm!! O médico também ficou animado foi fazer umas visitas na Casa de Saúde São José, perto dalí, voltei para a bola suíça. Estava cansada de ficar no chuveiro e fiquei na bola recebendo massagem com óleo na lombar e bebendo água quando eu quisesse, rsrs.
Perto das 7h da manhã, as meninas foram comprar nosso café da manhã e eu voltei para o chuveiro quente carregando a bola suíça e a Ingrid porque tinha dado muito certo anteriormente. Percebi que as contrações começaram a se intensificar muito mais e eu não conhecia aquela intensidade. No parto da Clarinha, eu tomei anestesia com quase 6cm de dilatação e a partir daí não senti mais nada. Mas seria possível eu já estar com a dilatação além disso? Só se passou 2h do último exame...


Um tempo depois comecei a querer que o médico voltasse para ver a dilatação, eu já estava chegando ao meu limite, as contrações estavam muito fortes e comecei a pensar na dose reduzida de anestesia que eu pediria. Mas eu só pediria a anestesia quando estivesse na “partolândia”, ou seja, quando estivesse vendo estrelas, dessa vez eu faria melhor do que da outra vez. Eu falava: “Ingrid, tá muito forte!”. Pedi para ela telefonar para o médico que já estava no caminho de volta. Um pouco depois ela chegou, era 7h da manhã, já foi difícil sair de onde eu estava e deitar na cama para ser examinada. De olhos fechados eu só escutei a voz dele: “7cm de dilatação!!”. Apenas eu e Ingrid escutamos por que o Sergio estava dormindo e as minhas amigas não estavam. Se eu estivesse em condições, teria pulado de alegria porque eu saí de 3cm às 5h para 7cm às 7h!! Em duas horas apenas!!!
Por isso que eu estava sentindo as contrações muito fortes, por isso que eu comecei a pensar na possibilidade de pedir a anestesia, eu estava na fase de transição. A fase mais punk do trabalho de parto, eu já sabia que não era nada fácil, mas tudo bem, eu já sabia que era assim, tenho uma lembrança que hoje é engraçada que eu quis moder o Sergio... Eu estava há 1 dia com contração, prodomizando e esse finalzinho estava demais para mim, me permiti tomar a anestesia. Já havia passado do limite que eu mesma coloquei, de só tomar a anestesia quando estivesse na transição. E tomei a decisão mais acertada para o meu caso que estava começando a me desestruturar de novo. Para mim, meu limite de dor havia chegado, não dava e eu não precisava bancar a durona. Eu já tinha me superado.
Às 7:22h chegou o maqueiro para me levar de maca para o centro cirúrgico, esse pessoal de maternidade com altos índices de cesárea não pensam que um dia, hehehe, poderá nascer alguém de parto normal, né? Como que eu vou deitar numa maca na fase de transição do parto normal??? E tem mais... passamos a gravidez inteira escutando que não podemos deitar de barriga para cima por que comprime a veia cava e a aorta... agora pode deitar de barriga para cima?!! Procedimentos hospitalares... ainda questionei se eu poderia ir andando, mas como estava com pressa, queria ir logo para o centro cirúrgico, falei que tudo bem e deitei na bendita maca.
Fui para a sala de parto humanizado que fica dentro do centro cirúrgico, não era mole quando vinha contração naquela posição! O Sergio e a Ingrid foram trocar de roupa. Lembro de uma enfermeira falando alto: “fulana, pega uma roupa GG!” Estava falando do Sergio, óbvio!!! Hehehe. Nesses momentos que fiquei um pouco sozinha, veio uma contração que eu quis desaparecer, eu estava sozinha e sem meus apoios. Uma enfermeira teve sensibilidade e segurou minha mão e ficou comigo enquanto passava a contração, lembro dela falando: “Eu sei, minha filha, já tive dois, sei como é.” Não a vi depois, mas agradeço imensamente ela ter ficado 1 minuto comigo. O intervalo entre as contrações estava bem curto e logo depois já vinha outra. A Ingrid deve ter enfiado a roupa em segundos porque imediatamente já estava do meu lado. Eu agarrava a Ingrid quase pelos cabelos e perguntava a ela se o anestesista já tinha chegado e não vou esquecer da expressão dela meio que sem coragem de falar que não, ele não havia chegado, rs. O Sergio já havia vestido a roupa GG dele, rsrs e estava comigo também.
O anestesista não demorou, aliás, era um senhor já e virei fã dele, super bem-humorado e atencioso. Ele agiu rápido quando viu o meu estado, mas para mim foram minutos bem longos. Percebi que a Ingrid ficou um pouco tensa por causa da anestesia, ela ainda me perguntou se eu tinha certeza, se queria de verdade a anestesia porque achamos que foi um dos fatores que atrapalhou o parto da Clarinha, mas de todo coração, eu confiei em Deus e que não cairia dois raios no mesmo lugar, era uma outra situação, eu já estava com praticamente 8cm de dilatação e me entreguei nas mãos de Deus, a anestesia foi a melhor coisa naquela hora que eu estava me desequilibrando.
Quando a anestesia fez efeito, eu até dormi uns 20 minutinhos. Tudo nesse momento era diferente do outro parto que vivi, eu sentia as contrações, mas não sentia a dor, isso para mim já fez uma grande diferença, era tudo que eu queria e falei isso muitas vezes durante a gravidez.

Um novo exame para conferir a dilatação e escutei o médico falar: “dilatação total!” Eu nem dei bola, estava tão relaxada depois da anestesia que apenas olhei para o relógio e vi que era 8:20h da manhã do dia 28. Fiquei muito feliz, tudo aconteceu muito rápido. Agora me lembro que um dia eu rezei assim: “Senhor, que seja rápido e fácil!” hahahaha, podem falar, eu sou muito abusada, né? Rápido e fácil parece até nome de transportadora... Deus deve ter me olhado e pensado: “para ser rápido, precisa acontecer alguma coisa antes que justifique isso...” Aí Ele me deu 1 dia de pródomos!!!! O meu trabalho de parto efetivo foi rapidíssimo, apenas 5h no total. Eu apostava em 8 ou 10h, por ser segundo filho, geralmente é mais rápido, mas 5h, superou as expectativas! Minha amiga Socorro Moreira falou que se eu tiver o terceiro filho, será em meia hora!!! Hehehe.


Nos preparamos para o expulsivo, o clima era outro, estávamos todos muito felizes porque o João Paulo estava bem baixo, quase coroando e como o obstetra falou “esse aqui não tem como não nascer”. O obstetra me falou que Dessa vez a sala do parto não parecia o maracanã em dia de jogo, havia poucas pessoas: a pediatra, a enfermeira e o outro obstetra. Eu era um poço de tranqüilidade, estava no céu, muito feliz. Comecei a fazer força para que o João Paulo nascesse. Nunca vou esquecer esse momento. Primeiro foi o meu corpo trabalhando e agora era eu mesma que estava ajudando o meu filho a nascer, era eu, era o meu esforço, éramos nós dois, João Paulo e eu. Como eu sentia a contração, sentia a barriga toda endurecer, eu me concentrava e fazia força para baixo. O médico olhava para o Sergio e falava “na próxima, nasce.” Ele queria dizer que na próxima contração, o João Paulo nasceria.

Como o João Paulo não nasceu “na próxima”, o outro obstetra começou a colocar a mão na minha barriga. Era o mesmo médico que fez a manobra de Kristeller em mim no parto da Clarinha. Quando ele colocou a mão na minha barriga, eu pensei “Se ele tentar fazer kristeller, vai tomar uma mordida!” Mas, não fez, graças a Deus! O médico fez uma episiotomia que eu não queria muito, mas nada que estragasse o momento e não fiquei aborrecida com isso. Um pouco depois, senti uma forte pressão, senti a cabeça do João Paulo coroando e saindo. Que sensação maravilhosa e mais ainda porque a anestesia não me roubou esse momento. Quando saiu a cabecinha, foi uma vibração, o Sergio estava muito feliz com os olhos brilhando e me olhando sorridente, a Ingrid também estava muito contente e tirava fotos o tempo todo. Não resisti e passei a mão na cabecinha do João Paulo toda meladinha, eu já tinha visto mães fazerem isso em livros e também na televisão, aí não teve como não fazer o mesmo. O João Paulo estava com a cabeça do lado de fora e o corpinho do lado de dentro. Escutei o médico falando “circular de cordão”, nossa... se eu pudesse, teria pulado de alegria, fiquei feliz demais em saber que ele estava com circular de cordão e não apenas uma, mas duas circulares!! Fiquei feliz sim, porque eu sabia que cordão umbilical enrolado no pescoço não era impedimento para parto normal e como já escutei pessoas falando que não poderia nascer de normal, agora veio o João Paulo para mostrar que o que eu falava era verdade. O médico passou uma alça do cordão por cima da cabeça do João Paulo, depois passou a outra alça e senti o corpinho dele saindo. Nem precisei fazer outra força, o meu filhote nasceu apenas com a contração em si. Imediatamente ele foi colocado no meu colo, todo sujinho, todo meladinho, nasceu com os olhos bem abertos, acordadão! Ele escolheu a hora dele nascer, ele mandou! Ele decidiu! Nem chorou, estava tão calmo e ficou me olhando, era eu e ele nos conhecendo pessoalmente. Achei-o lindo!! Momentos que ficarão guardados no coração para sempre.

Aí a Ingrid me lembrou: “Edwiges, vai tentar amamentar?” Claro!!! A enfermeira me ajudou, essa enfermeira foi a mesma que eu detestei no dia que fui visitar a Perinatal porque ela falava sempre “SE” for possível o parto normal... como se o normal fosse a cesareana... ela não lembrou de mim, mas não esqueci a cara dela! Apesar de que ela foi ótima no dia e me ajudou a colocar o João Paulo no peito para mamar, mas ele não deu muita bola e ainda ficou um bom tempo no meu colo. Escutei o médico perguntando para o Sergio se ele queria cortar o cordão, até parece que ele iria perder essa oportunidade única na vida! O Sergio cortou o cordão. Eu estava me sentindo ótima, nem parecia que eu tinha acabado de parir! Estava super desperta, participando de tudo. A pediatra pegou o João paulo e o examinou ali na minha frente, eu mandando o Sergio sair da frente porque eu queria ver tudo! Apgar 9/10. Enquanto tudo isso acontecia, o médico dava os pontinhos da episiotomia.


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Eu e João Paulo na tentativa de amamentar na sala de parto, ajudada pela enfermeira com a Ingrid toda boba ao fundo.



O Sergio levou nosso pequenininho para o berçário, chegando lá, Geizi e Gica esperavam e pularam de alegria quando o Sergio apareceu como João Paulo no colo. A Geizi perguntou através do vidro “normal?” e o Sergio respondeu que sim, havia sido parto normal. Quando ele voltou, todo feliz, eu já estava na maca para subir para o quarto de volta. O mesmo maqueiro que me levou deitada na maca tendo contração perguntou se havia sido normal, hehe. Felicidade era pouco, eu estava radiante, feliz da vida, havia conseguido. Chegando no quarto, pude beijar a abraçar todos, Sergio, Ingrid, Gica e Geizi, todos que estiveram comigo durante esse tempo todo, durante todo o processo do trabalho de parto, a vitória era deles também. Foi uma festa no quarto e tive que escutar Sergio, Geizi e Gica me imitando e caçoando quando eu dizia que não queria mais, que não me importava e até quando eu fazia bico de chôro... não é Geizi?!
Estávamos na maior alegria no quarto quando entrou uma enfermeira meio perdida falando que o meu médico não havia deixado nenhuma prescrição de remédio para mim... rimos pra caramba, por que será, né? Eu não havia feito uma cirurgia!!! Não precisava dos antibióticos... Só tomei uma dipironazinha por causa da episio. Dei um relax para as enfermeiras que não precisaram ir ao meu quarto toda hora me levando remédios e vendo a minha pressão.

Começou a sessão telefonemas, foi uma chuva de ligações e o melhor de tudo era que eu mesma podia atender e falar com os amigos pelo telefone. Era engraçado porque mesmo sabendo que o parto tinha sido normal, as pessoas falavam “Vou desligar porque vc não pode falar muito” e eu respondia que não, que eu podia falar sim e o quanto eu quisesse por que tinha sido parto normal, não haviam cortado a minha barriga!!! Eu mesma poderia tagarelara a vontade. Logo que cheguei no quarto, recebi o telefonema da Laurinha, da Claudinha e da Rebeca de Belo Horizonte, minha amiga virtual que me incentivou tanto o VABC.
Meu pequenininho chegou no quarto e pôde mamar no peito na primeira hora do nascimento. Dessa vez, ele pegou de jeito e mamou muito. Ficou sendo admirado de perto por toda “equipe de parto”. Pude levantar da cama e ir tomar banho 6h depois do parto. Nossa que diferença!! Levantei da cama super bem, fiquei de pé tranquilamente e tomei banho sozinha, uma beleza.


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Que diferença da cesárea anterior! Após o parto, olha eu aqui de banho tomado e andando!!


À tarde, meu pai Mauricio, minha tia Pipita, a minha empregada Patrícia e a minha pequenininha linda Maria Clara foram nos visitar. Foi maravilhoso ver os dois juntos: Maria Clara e João Paulo. Eu pensei que eu fosse chorar muito, mas não, tudo aconteceu do início ao fim com tanta naturalidade... Clarinha olhou para o irmão, sorriu e falou “neném”, quis fazer carinho na cabecinha dele. Os meus dois filhos estavam ali comigo. Dois filhos... quem diria!


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E eles se conheceram, dois irmãos e uma vida pela frente... meus filhos!


O parto do João Paulo foi libertador, acho que agora eu faço qualquer coisa na minha vida. Que momento emocionante! Como foi diferente da frieza da cesareana... como é maravilhosa a experiência do parto normal!
Só o nascimento do meu filho já mostra o que um ambiente humanizado faz de diferente num trabalho de parto. O João Paulo provou que é possível um parto normal depois de uma cesareana com distância interpartal de 1 ano e 10 meses, provou também que circular de cordão e cultura positiva para streptococus agalathie não impedem o parto normal.
Agradeço a Jesus e a Nossa Senhora por essa realização pessoal na minha vida. Agradeço ao meu marido Sergio por ter abraçado essa causa junto comigo desde o início, agradeço a minha doula Ingrid, a Geizi e a Gica, minhas amigas queridas. Agradeço também as minhas amigas virtuais que tanto tiraram minhas dúvidas e incentivaram esse tempo todo: Socorro Moreira, Rebeca e Dydy.


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Minha linda equipe de parto, rs, Gica, Ingrid, eu, Sergio e Geizi.


A frase que fica é “A DIDI CONSEGIU!”
Essa é a frase que escutei em tantos telefonemas e li em vários emails... hehe. Obrigada aos meus amigos que torceram junto comigo e ficaram na expectativa.
Conseguimos!!!
Um beijo carinhoso, Edwiges, Sergio, Maria Clara e João Paulo.


NOSSO CAÇULA, NOSSO ANJINHO, NOSSO MENINO, AMADO, DESEJADO E ESPERADO.
DEUS QUIS QUE ELE NASCESSE E FOSSE NOSSO FILHO.
MUITO OBRIGADA SENHOR!

Às 13:27

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